sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

SHUSAKU ENDO

“Como eu, ele aprendeu que os cristãos tinham muitas formas de trair sua fé. Alguns a rejeitavam publicamente. Outros, mais sutis, viviam de uma maneira que a negava.” (p.289)




“Jesus também conheceu a rejeição. Mais do que isso, a vida de Jesus foi marcada pela rejeição. Seus vizinhos o expulsaram da cidade, sua família questionou sua sanidade, seus amigos mais próximos o traíram e seus compatriotas traçaram sua vida pela de um criminoso comum. Durante todo o seu ministério, Jesus, propositadamente, andou entre os pobres e os rejeitados. Tocou os leprosos, comeu com os impuros, perdoou ladrões, adúlteros e prostitutas.” (p.289)



“Muitas das representações de Jesus na cultura ocidental eram simplesmente projeções de imagens romanas de glória e poder imperial. Jesus veio ao mundo como o Servo Sofredor apresentado por Isaías: “Desprezado e o mais rejeitado entre os homens; homem de dores e que sabe o que é padecer; e, como um de quem os homens escondem o rosto, era desprezado” (Is. 53:3). Certamente esse Jesus, mais do que ninguém, poderia entender a rejeição que o próprio Endo estava sofrendo.”(p.289, 290)



“Conforme estudei os Evangelhos, notei um padrão tão consistente que quase podia ser reduzido a uma fórmula matemática: quanto mais ímpia, imoral e indesejável era a pessoa, mais ela se sentia atraída a Jesus. Quanto mais justa, segura de si e desejável, mais ela se sentia ameaçada por Jesus. É praticamente o oposto do que a maioria das pessoas faz. Os cristãos evangélicos se apegam ao ideal de um cidadão equilibrado e sólido, que crê nos valores familiares e se relaciona com o “Tipo Certo” de pessoas. Considere as pessoas que eram vistas com Jesus: uma prostituta, um homem com lepra, um proscrito moral, um centurião romano, uma mulher mestiça com cinco divórcios no currículo. Enquanto isso, os fariseus – homens corretos, que estudavam as Escrituras e obedeciam rigorosamente à Lei -, a elite governante, os pilares da sociedade, todos eles viam Jesus como uma ameaça.” (p.290)



“Ocorreu-me que uma expressão como MAIORIA ARREPENDIDA ou MAIORIA PERDOADA deveria ser uma forma mais correta de descrever os cristãos do que MAIORIA MORAL. Tal rótulo daria o crédito a Deus no surgimento de qualquer traço de bondade, assegurando assim que, como disse Paulo: “ninguém se glorie”. Em vez disso, possuímos uma espécie de extrato que afasta as pessoas a quem a mensagem de Jesus foi dirigida: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei”, disse ele (Mt. 11:28). Não pude encontrar qualquer incentivo ao sucesso ou à superioridade no convite de Jesus. A graça, assim como a água, corre para as partes mais baixas.” (p.290)

Obs: Ultima postagem do livro "Alma sobrevivente"

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