A madrugada de ontem foi o limite
para minha indignação. Depois de ter posts meus apagados numa rede social por
um moderador, cheguei a uma conclusão: é proibido, nesses ambientes, ser você
mesmo. Talvez aí esteja o segredo de tanto sucesso desse segmento: a irrealidade,
a maquiagem, a capacidade de mostrar apenas o que se quer ver.
Outro dia recebi no facebook uma
foto compartilhada que ilustra bem o que estou dizendo. A foto mostrava o rosto
de uma pessoa num ângulo extremamente favorável que a fazia linda, perfeita e, logo
ali ao lado, a foto da pessoa de corpo todo. Nem preciso descrever o desastre.
O fato é que a maioria das
pessoas não quer expor, seja física ou emocional mente, suas limitações em uma
rede mundial. Até aí, posso até concordar. Em partes, mas posso.
O que me indigna é o fato das
pessoas acharem que, por você ser cristão, líder ou pastor, você precisa ser “um
bom testemunho” nas suas postagens. Bom testemunho, na visão dessas pessoas, é
nunca expor suas mazelas, mostrar-se sempre radiante, grato, alegre, ou seja,
uma gazela saltitante.
Desculpem-me os que leem isso e
pensam assim, mas ser bom testemunho pra mim vai muito além disso. Ter um bom
testemunho é ter também a coragem de mostrar quem realmente você é. Mostrar
suas falhas, limitações, seus monstros e, por isso mesmo, saber que precisa da
graça de Deus para viver. Reconhecer sua
total dependência Dele. Saber que o único lugar que você pode esconder suas
falhas é na cruz.
Sei que vivemos na era do triunfalismo,
mas admitamos: um coração contrito e quebrantado nunca sai de moda. Não quero
aqui defender o virtual muro das lamentações gospel. De jeito algum! Aliás, gente
reclamando o tempo todo irrita até o mais manso dos cristãos. Só quero dar
chance aos corações peludos, como o meu, que volta e meia precisam também dizer
que o dia não está lá tão bem assim.
Então, na minha madrugada de
indignação me deparei com os Salmos. Ó sim! É disso que eu estou falando.
Na época de Davi e seus
coleguinhas não havia Facebook, Twitter, Tumblr ou Instagram, mas vamos
combinar que cada capítulo daqueles é uma bela atualização de status!
Quando leio o que eles
escreveram, me identifico tanto que às vezes me pergunto: quem foi que contou
minha vida pra esse cara?
Vemos aqueles homens, cheios de
conflitos, de dor e anseios e sempre nos inspiramos. Quem aqui ousaria dar um
unfollow no Davi? Ou quem ousaria bloquear as atualizações do Asafe?
E quem foi que disse que hoje
precisamos ser super heróis? Quem foi que disse que no facebook não pode? Quem
disse que seu twitter tem que ser uma caixinha de promessas?
Eu sou real. Tenho problemas
reais. E aleluiaaaa, tenho um Deus real!
E é disso que quero ter liberdade de postar. Não quero ser popular.
Quero ser quem sou. Será que é pedir muito?
Por Ju Pacheco
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