terça-feira, 13 de março de 2012

A farsa das redes sociais

           Há algum tempo venho pensando sobre a farsa das redes sociais. Não, eu não sou avessa às modernidades, pelo contrário, sou adepta até demais.

A madrugada de ontem foi o limite para minha indignação. Depois de ter posts meus apagados numa rede social por um moderador, cheguei a uma conclusão: é proibido, nesses ambientes, ser você mesmo. Talvez aí esteja o segredo de tanto sucesso desse segmento: a irrealidade, a maquiagem, a capacidade de mostrar apenas o que se quer ver.

Outro dia recebi no facebook uma foto compartilhada que ilustra bem o que estou dizendo. A foto mostrava o rosto de uma pessoa num ângulo extremamente favorável que a fazia linda, perfeita e, logo ali ao lado, a foto da pessoa de corpo todo. Nem preciso descrever o desastre.

O fato é que a maioria das pessoas não quer expor, seja física ou emocional mente, suas limitações em uma rede mundial. Até aí, posso até concordar. Em partes, mas posso.

O que me indigna é o fato das pessoas acharem que, por você ser cristão, líder ou pastor, você precisa ser “um bom testemunho” nas suas postagens. Bom testemunho, na visão dessas pessoas, é nunca expor suas mazelas, mostrar-se sempre radiante, grato, alegre, ou seja, uma gazela saltitante.

Desculpem-me os que leem isso e pensam assim, mas ser bom testemunho pra mim vai muito além disso. Ter um bom testemunho é ter também a coragem de mostrar quem realmente você é. Mostrar suas falhas, limitações, seus monstros e, por isso mesmo, saber que precisa da graça de Deus para viver.  Reconhecer sua total dependência Dele. Saber que o único lugar que você pode esconder suas falhas é na cruz.

Sei que vivemos na era do triunfalismo, mas admitamos: um coração contrito e quebrantado nunca sai de moda. Não quero aqui defender o virtual muro das lamentações gospel. De jeito algum! Aliás, gente reclamando o tempo todo irrita até o mais manso dos cristãos. Só quero dar chance aos corações peludos, como o meu, que volta e meia precisam também dizer que o dia não está lá tão bem assim.

Então, na minha madrugada de indignação me deparei com os Salmos. Ó sim! É disso que eu estou falando.

Na época de Davi e seus coleguinhas não havia Facebook, Twitter, Tumblr ou Instagram, mas vamos combinar que cada capítulo daqueles é uma bela atualização de status!

Quando leio o que eles escreveram, me identifico tanto que às vezes me pergunto: quem foi que contou minha vida pra esse cara?

Vemos aqueles homens, cheios de conflitos, de dor e anseios e sempre nos inspiramos. Quem aqui ousaria dar um unfollow no Davi? Ou quem ousaria bloquear as atualizações do Asafe?

E quem foi que disse que hoje precisamos ser super heróis? Quem foi que disse que no facebook não pode? Quem disse que seu twitter tem que ser uma caixinha de promessas?

Eu sou real. Tenho problemas reais. E aleluiaaaa, tenho um Deus real!  E é disso que quero ter liberdade de postar. Não quero ser popular. Quero ser quem sou. Será que é pedir muito?

Por  Ju Pacheco

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